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Para muitos tutores, o adestramento canino é a primeira e, muitas vezes, única solução pensada para resolver problemas de comportamento de seus pets. Comandos básicos, socialização e técnicas de reforço positivo são ferramentas poderosas que transformam a convivência e a comunicação entre cães e humanos. No entanto, há situações em que o adestramento, por si só, não é suficiente. Problemas comportamentais mais complexos podem ter raízes em questões de saúde física ou mental, exigindo a intervenção de um profissional especializado: o veterinário comportamentalista.
Neste artigo, exploraremos a linha tênue entre o que o adestramento pode resolver e quando é hora de buscar ajuda veterinária, com base nas valiosas informações do vídeo “Quando o Adestramento Não Basta — Chame o Veterinário”, do canal Disciplina Dog, com a participação do adestrador Thiago Oliveira e do especialista em manejo comportamental Rafael Wisneski, além de pesquisas complementares.
É comum confundir as funções do adestrador e do veterinário comportamentalista, mas suas atuações são distintas e complementares. O adestramento foca em ensinar comandos, modificar comportamentos inadequados através de técnicas de treinamento e melhorar a comunicação. Já a consulta comportamental é uma especialidade da medicina veterinária que aborda problemas mais profundos, com foco na saúde emocional e mental do animal [1].
O adestrador trabalha com:
•Educação básica: Ensinar o cão a sentar, ficar, vir, passear na guia, fazer as necessidades no local correto.
•Modificação de comportamentos inadequados: Lidar com latidos excessivos, pulos em visitas, mordiscadas leves, entre outros.
•Socialização: Ajudar o cão a interagir de forma adequada com outros animais e pessoas.

O veterinário comportamentalista, por sua vez, atua em áreas mais complexas, que podem ter origem em desequilíbrios químicos, traumas ou condições médicas. Suas áreas de atuação incluem [1]:
•Prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas comportamentais: Agressividade (contra pessoas ou outros animais), ansiedade de separação, medos e fobias (trovões, fogos), comportamentos compulsivos (lamber excessivamente, perseguir a cauda).
•Tratamento de comportamentos problemáticos: Comportamentos normais da espécie, mas que se tornam um problema para o tutor (ex: roer móveis, arranhar excessivamente).
•Compreensão das necessidades: Atendimento às necessidades físicas, mentais e cognitivas de cada espécie.
•Melhoria do vínculo tutor-animal: Focando no bem-estar animal.
Rafael Wisneski, no vídeo da Disciplina Dog, destaca um “ponto de corte” crucial para identificar a necessidade de uma intervenção veterinária: quando o comportamento do cão envolve dano físico. Isso inclui automutilação (o cão se machuca) ou agressividade que causa ferimentos em outros animais ou pessoas. Nesses casos, a química cerebral do animal pode estar alterada, e o adestramento sozinho não será eficaz [Vídeo – Disciplina Dog].
Outros sinais graves de alerta que indicam que o problema pode ir além do treinamento e exigir uma avaliação veterinária comportamental incluem:
•Agressividade: Rosnados, mordidas ou ataques a pessoas ou outros animais sem provocação aparente.
•Ansiedade Extrema: Latidos excessivos, destruição de objetos, automutilação, micção/defecação inapropriada quando o tutor está ausente ou em situações estressantes.
•Medos e Fobias Intensos: Pânico diante de barulhos altos (fogos, trovões), visitas, ou ambientes desconhecidos, resultando em tremores, salivação excessiva ou tentativas de fuga.
•Comportamentos Compulsivos: Lamber patas incessantemente até causar feridas, perseguir a cauda de forma obsessiva, andar em círculos repetidamente.
•Hiperatividade e Perda de Percepção: O cão parece não conseguir se controlar, ignora comandos e age de forma desorganizada, como se não percebesse suas próprias ações.
É fundamental que, ao observar esses sinais, o tutor não hesite em procurar ajuda. Ignorar esses comportamentos pode levar ao agravamento do quadro e ao sofrimento do animal.
A abordagem ideal para problemas comportamentais complexos é a colaboração entre o adestrador e o veterinário comportamentalista. Enquanto o adestrador pode implementar técnicas de modificação comportamental e estruturar o ambiente, o veterinário pode investigar causas médicas subjacentes (como dor, alergias, doenças endócrinas) e, se necessário, prescrever tratamentos farmacológicos (alopatia) para equilibrar a química cerebral do animal [1].
O objetivo e importância do atendimento comportamental é melhorar o estado emocional do paciente, aprimorando a relação tutor-animal, corrigindo possíveis comportamentos problemáticos e permitindo ao animal expressar os comportamentos naturais de sua espécie. [1]
•Veterinário Clínico Geral: Pode identificar problemas de saúde que impactam o comportamento (ex: dermatites por estresse, dores crônicas) e tratar a condição física.
•Veterinário Comportamentalista: Especialista em psicofarmacologia e terapia comportamental, atua em casos mais complexos que exigem um diagnóstico aprofundado e um plano de tratamento que pode incluir medicação.
O ideal é que a primeira consulta comportamental ocorra ainda na infância do animal. Este é o período mais crítico para aprendizados, memórias e sensibilização a estímulos. Uma consulta precoce pode funcionar como uma “vacina” para a prevenção de problemas de comportamento no futuro, oferecendo orientações sobre [1]:
•Comportamentos normais da espécie e a importância de permiti-los.
•Enriquecimento ambiental.
•Socialização adequada com outros animais e pessoas.
•Uso de reforço positivo nos treinos e a importância de evitar punições.
Entender que o adestramento e a medicina veterinária comportamental são aliados é fundamental para garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos nossos cães. Ao reconhecer os sinais de que um problema de comportamento pode ter uma causa mais profunda, e ao buscar a ajuda profissional adequada, os tutores podem oferecer aos seus pets o suporte necessário para superar desafios e viver uma vida plena e feliz. A colaboração entre adestradores e veterinários comportamentalistas é a ponte para um futuro mais harmonioso para cães e suas famílias.
[1] Clinivet. (2022). Adestramento x Consulta Comportamental: quais são as diferenças?. Acessado em 17 de outubro de 2025, de https://clinivet.com.br/adestramento-x-consulta-comportamental-quais-sao-as-diferencas/
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